Este é um daqueles livros em que as palavras são coloridas. Traçadas finamente por mãos grossas de trabalho, sob a visão apurada para não borrar o contorno iluminado pela claridade vacilante da lamparina. O vento, que passa pela soleira da porta, balança a chama produzindo vultos nas paredes caiadas de tabatinga. A fumaça do querosene perfuma os fios de cabelo que escapam ao lenço. É o meio do tempo das águas e cada página tem cheiro de roça madura em ponto de colheita. Milho verde, feijão catador, abóbora, maxixe, quiabo, melancia. É um daqueles caminhos de mesa de algodão alvinho, bordado em ponto cruz, com babado de crochê feminino. Cada capítulo ressoa o estalar da lenha no fogão e convida o leitor a assoprar o fogo, a arrumar o tição para reavivar a chama que engrossa o caldo na panela de barro. A água já ferveu, é hora de passar o café e comer um biscoito de goma